sábado, 13 de abril de 2013

Sempre haverá mais de Deus para desfrutarmos


Sempre haverá mais de Deus para desfrutarmos

Quero levantar uma muralha entre o desejo e o deleite, ou entre ansiar e sentir prazer. Algumas vezes falarei sobre desejar a Deus e outras vezes sobre deleitar-se em Deus. Outras vezes falarei sobre o insaciável anseio por Deus e, às vezes, sobre os prazeres na sua presença. A diferença entre desejar a Deus e deleitar-se em Deus é importante principalmente para deixar claro que [nova] criaturas finitas como nós, que têm uma inclinação espiritual para a glória de Deus, sempre desejarão mais de Deus do que têm hoje – e mesmo na eternidade. Sempre haverá mais de Deus para desfrutarmos. O que significa que sempre haverá um desejo santo – para sempre.

Na época em que vivemos, isso é frustrante. Lamentamos que nosso anseios por coisas menos importantes competem com Deus na satisfação da nossa alma. Com razão. Essa é uma tristeza santa. Fazemos bem em nos acharmos culpados e contritos. Sabemos que experimentamos prazeres que Deus prepara para nós e que os nossos desejos por eles são lamentavelmente pequenos comparados ao seu real valor. Seria bom lembrarmos neste ponto que nossos desejos – não importa quão diminutos sejam – foram despertados pela experiência espiritual que tivemos da presença de Deus. Eles são um indício daquilo que experimentamos. Seria útil também aqui lembrarmos que os nossos desejos são apenas uma pequena porção do que está por vir. O vigor do nosso desejo não é para ser comparado com a intensidade do prazer final. Essa verdade pode nos livrar do desespero e nos manter na luta pelo máximo de alegria em Deus, vivendo neste mundo decaído.

No entanto, a verdade de que a alma finita sempre desejará mais de Deus do que experimenta no presente não causará frustração na vida por vir. Quando formos aperfeiçoados e tivermos nosso corpo ressurreto, os desejos que permanecerem não serão porque o pecado está competindo com Deus para terem nossa predileção. Ao contrário, será porque, mentes finitas são incapazes de receber a plenitude da grandeza e da glória infinita. Incrementos magníficos, mas controlados, nos serão dados cada dia por toda a eternidade.

Na vida por vir nunca desejaremos mais de Deus com impaciência, ingratidão ou frustração. Todos os desejos no futuro serão a mais doce expectativa, arraigada sempre mais profundamente nas crescentes lembranças da alegria e nos prazeres sempre colhidos da gratidão. Deus não nos tirará o prazer da alegria que é esperada. Ele o elevará. Por toda a eternidade, ele nos dará a mistura perfeita do prazer presente e da expectativa do prazer futuro. A expectativa será despojada de qualquer frustração. Seu desejo será completamente prazeroso.  

Deus será glorificado tanto pela intensidade do deleite presente que temos em sua beleza quanto na intensidade dos desejos que temos por mais revelação de sua plenitude. Os prazeres presentes despertarão desejos novos e esses desejos serão o sinal de prazeres futuros maiores ainda. Os prazeres serão perfeitamente desejados e os desejos serão perfeitamente prazerosos.

O que experimentamos aqui neste mundo decaído é um reflexo parcial disso. Estamos caminhando nessa direção. Não estamos lá ainda. É com muita dor que sabemos disso. No entanto, nossa vocação aqui é lutar pela alegria – nossa e de todos os povos por meio de Jesus Cristo. O propósito é que o valor de Deus – sua qualidade de ser infinitamente desejável – seja conhecido, apreciado e honrado em todo o mundo. É isso o que significa Deus ser glorificado. Ele é mais glorificado em nós e por meio de nós quando estamos mais satisfeito Nele. A intensidade de nosso prazer e o nosso desejo produzem testemunho do seu valor perante o mundo, principalmente quando somos libertos por esse prazer (presente e esperado) para abandonarmos os prazeres desse mundo por uma vida de sacrifício e amor pelos outros.